DOU de 8.4.2013
Dispõe sobre o tratamento tributário relativo à apuração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) aplicável aos valores pagos ou creditados por entidade de previdência complementar a título de complementação de aposentadoria, resgate e rateio de patrimônio, correspondente às contribuições efetuadas, exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995. |
Art.
1º Esta Instrução Normativa estabelece normas e procedimentos relativos
ao tratamento tributário a ser aplicado na apuração do Imposto sobre a Renda
da Pessoa Física (IRPF) sobre os valores pagos ou creditados por entidade de
previdência complementar a título de complementação de aposentadoria,
resgate e rateio de patrimônio em caso de extinção da entidade de
previdência complementar, correspondentes às contribuições efetuadas
exclusivamente pelo beneficiário no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de
dezembro de 1995.
CAPÍTULO I
DO TRATAMENTO A SER APLICADO AOS BENEFICIÁRIOS QUE SE APOSENTAREM A PARTIR
DE 1º DE JANEIRO DE 2013
Art.
2º Para os beneficiários que se aposentarem a partir de 1º de janeiro de
2013, a entidade de previdência complementar (fonte pagadora) fica
desobrigada da retenção do imposto na fonte relativamente à complementação
de aposentadoria recebida de entidade de previdência complementar, inclusive
a relativa ao abono anual pago a título de décimo terceiro salário, no
limite que corresponda aos valores das contribuições efetuadas
exclusivamente pelo beneficiário no período de que trata o art. 1º.
§ 1º Os
valores das contribuições a que se refere o caput, naquelas hipóteses, devem
ser abatidos da complementação de aposentadoria recebida de previdência
complementar, mês a mês, até se exaurirem.
§ 2º A
fonte pagadora deverá fornecer ao beneficiário comprovante de rendimentos,
com a informação dos valores abatidos na forma deste Capítulo, no quadro
correspondente aos rendimentos isentos e não tributáveis.
§ 3º
Deverão ser observadas as disposições contidas nos arts. 8º a 10 da
Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de
novembro de 2012, para os beneficiários que se aposentaram entre 1º de
janeiro de 2013 e a data da publicação desta Instrução Normativa, e que
sofreram retenção indevida ou a maior de Imposto de Renda Retido na Fonte.
CAPÍTULO II
DO TRATAMENTO A SER APLICADO AOS BENEFICIÁRIOS QUE SE APOSENTARAM ENTRE OS
ANOS DE 2008 E 2012
Seção I
Do Tratamento a Ser Aplicado aos Beneficiários sem Ação Judicial em Curso
Art.
3º Os beneficiários que se aposentaram no período de 1º de janeiro de
2008 a 31 de dezembro de 2012, que receberam, com retenção do imposto sobre
a renda, os rendimentos de que trata o art. 1º, e que não tenham ação
judicial em curso, versando sobre a matéria de que trata esta Instrução
Normativa, poderão pleitear o montante do imposto retido indevidamente da
seguinte forma:
I - na Declaração de Ajuste Anual (DAA) do ano-calendário de 2012, exercício de 2013, deverão informar o montante, limitado ao valor das contribuições de que trata o caput, recebido a título de aposentadoria, na linha “outros (especifique)” da ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, com especificação da natureza do rendimento;II - observado o prazo decadencial, poderão retificar as DAA dos anos-calendário de 2008 a 2011, exercícios de 2009 a 2012, respectivamente, nas quais tenham sido incluídos os rendimentos de que trata o caput como tributáveis, procedendo da seguinte forma:a) excluir o montante, limitado ao valor das contribuições de que trata o caput, recebido a título de aposentadoria, da ficha “Rendimentos Tributáveis Recebidos de PJ pelo Titular” ou da ficha “Rendimentos Tributáveis Recebidos de PJ pelos Dependentes”, se for o caso;b) informar o montante de que trata a alínea “a” na linha “outros (especifique)” da ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, com especificação da natureza do rendimento; ec) manter, na declaração retificadora, as demais informações constantes da declaração original que não sofreram alterações.
§ 1º A
entidade de previdência complementar privada deverá informar ao beneficiário
da complementação, o valor das contribuições de que trata o art. 1º,
devidamente atualizado até a data da aposentadoria, observado o disposto no
art. 5º.
§ 2º
Adotados os procedimentos previstos nos incisos I e II do caput e restando
saldo a exaurir, este poderá ser aplicado nas DAA dos exercícios futuros,
até o seu exaurimento.
§ 3º
Para o cálculo do montante a ser excluído de tributação, a RFB
disponibilizará planilha de cálculo em seu sítio na Internet, no endereço <http://www.receita.fazenda.gov.br>.
§ 4º
Para elaboração e transmissão da declaração retificadora deverão ser
utilizados os Programas Geradores da Declaração (PGD), na mesma forma de
tributação utilizada e demais orientações, relativos aos exercícios de que
trata o inciso II do caput.
§ 5º Se
da declaração retificadora resultar saldo de imposto a restituir superior ao
da declaração original, a diferença entre o saldo a restituir referente à
declaração retificadora e o valor eventualmente já restituído será objeto de
restituição automática, por meio dos lotes mensais de restituição do IRPF, a
serem disponibilizados na rede bancária.
§ 6º Se
a retificação resultar em redução de imposto já pago na declaração original,
a restituição ou a compensação do imposto pago indevidamente deverá ser
requerida mediante a utilização do programa Pedido de Restituição,
Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP),
disponível no sítio da RFB na Internet, no endereço mencionado no § 3º.
§ 7º O
pagamento da restituição ou do imposto pago indevidamente será acrescido de
juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia (Selic) para títulos federais, acumulada mensalmente a partir do
mês de maio do exercício correspondente ao da declaração, ou a partir do mês
subsequente ao do pagamento, até o mês anterior ao da restituição, e de 1%
(um por cento) no mês em que o crédito for disponibilizado ao contribuinte
na rede bancária.
§ 8º A
restituição relativa ao abono anual pago a título de décimo terceiro salário
no período a que se refere o caput deverá ser pleiteada por meio de
apresentação do formulário Pedido de Restituição ou Ressarcimento, constante
do Anexo I à Instrução Normativa RFB nº
1.300, de 2012, a ser protocolado na unidade do domicílio tributário do
sujeito passivo.
Seção II
Do Tratamento a Ser Aplicado aos Beneficiários com Ação Judicial em Curso
Art.
4º O beneficiário que recebeu os rendimentos de que trata o art. 1º com
a retenção do imposto sobre a renda na fonte e que tenha ação judicial em
curso que vise ao afastamento de tributação da complementação de
aposentadoria, poderá optar por receber os valores na forma do art. 3º,
desde que, antes da apresentação das declarações ali previstas, desista
expressamente e de forma irrevogável da ação judicial proposta, renunciando
a quaisquer alegações de direito sobre as quais se funda a referida ação
judicial.
Parágrafo único. Na hipótese do caput, o beneficiário deverá apresentar,
quando solicitado, a comprovação de que protocolou tempestivamente o
requerimento de extinção do processo, mediante apresentação da via da
correspondente petição de desistência ou de certidão do cartório que ateste
a situação das respectivas ações.
CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
Art.
5º Para efeitos do disposto nesta Instrução Normativa, as contribuições
efetuadas exclusivamente pelo beneficiário no período de 1º de janeiro de
1989 a 31 de dezembro de 1995 devem ser atualizadas monetariamente até a
data da não retenção, no caso de que trata o art. 2º, ou até 31 de dezembro
do ano-calendário correspondente, no caso previsto no art. 3º, com a
utilização dos seguintes índices:
I - Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no valor de 42,72% (quarenta e dois inteiros e setenta e dois centésimos por cento), para contribuições efetuadas em janeiro de 1989;II - IPC, no valor de 10,14% (dez inteiros e catorze centésimos por cento), para contribuições efetuadas em fevereiro de 1989;III - Bônus do Tesouro Nacional (BTN), para contribuições efetuadas de março de 1989 a fevereiro de 1990;IV - IPC, para contribuições efetuadas de março de 1990 a fevereiro de 1991;V - Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apurado pelo IBGE, para contribuições efetuadas de março a novembro de 1991;VI - Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), série especial, apurado pelo IBGE, conforme previsto no § 2º do art. 2º da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, para contribuições efetuadas em dezembro de 1991;VII - Unidade Fiscal de Referência (UFIR), para contribuições efetuadas de janeiro de 1992 a dezembro de 2000; eVIII - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) apurado pelo IBGE, para contribuições efetuadas depois de janeiro de 2001.
Art.
6º Os registros e documentos probatórios da aplicação das disposições
desta Instrução Normativa, inclusive os relativos ao período de 1º de
janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995, deverão ser mantidos pela fonte
pagadora e pelo beneficiário pelo prazo de 6 (seis) anos depois do seu
exaurimento.
Art.
7º O disposto nesta Instrução Normativa aplica-se ao resgate de
contribuições de previdência privada e ao rateio de patrimônio em caso de
extinção da entidade de previdência complementar.
Art.
8º O disposto nesta Instrução Normativa não se aplica aos valores
auferidos por pensionista.
Art.
9º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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